A temática sobre educação inclusiva
vem sendo discutido ao longo dos anos, desde 1990, na Conferência sobre
Educação para todos em Jomtien em que essa abordagem passou a ter o “peso”
devido em nossa sociedade, pois se percebeu a necessidade de garantir o direito
a educação a todos.
Apesar de ter sido bastante discutido
e debatido, não há ainda unanimidade sobre a essência do conceito de educação
inclusiva. Em alguns países, de acordo com Ainscow, o termo inclusão ainda é
considerado como uma abordagem para atender crianças com deficiências dentro do
contexto dos sistemas regulares de educação. Internacionalmente, porém, o
conceito tem sido compreendido de uma forma mais ampla como uma reforma que apóia
e acolhe a diversidade entre todos os sujeitos do processo educativo. Ainscow
entende que o objetivo da educação inclusiva é de eliminar a exclusão social
que resulta de atitudes e respostas à diversidade com relação à etnia, idade,
classe social, religião, gênero e habilidades. Assim, parte do princípio que a
educação constitui direito humano básico e alicerce de uma sociedade mais justa
e solidária.
Essa perspectiva teórica se desdobrou
na recente moda dos estudos culturais. O texto traz seis pequenos ensaios que
têm como assunto central a questão da inclusão nas relações sociais, estabelecendo
finas interligações entre o universo do uso pessoal, da subjetividade, e o das complexas
redes de sociabilidade, na tentativa de transformar as estruturas, a fim de se
propagar os preceitos morais e valores na educação inclusiva.
Para difundir as ideias foram reforçados
os seis princípios da inclusão:
- Inclusão referente à deficiência
e à necessidade de educação especial,
- Inclusão como resposta a
exclusões disciplinares
- Inclusão que diz respeito a todos
os grupos vulneráveis à exclusão,
- Inclusão como forma de promover a
escola para todos,
- Inclusão como Educação para Todos
e
- Inclusão como uma abordagem de
princípios à educação.
Na perspectiva da Inclusão referente à deficiência e à necessidade de educação especial
Ainscow entende que há um grande perigo em tratar a educação inclusiva somente
como um desvio e que as pessoas portadoras de necessidade especiais só serão inseridas
na educação regular por preceitos legais, não somente como pessoas que possuem
as necessidades educativas especiais, mas, que sejam garantidos os seus
direitos pois, a educação é dever do estado e sociedade, não para minoria.
Na inclusão como resposta a exclusão disciplinares, a abordagem
central está nos preceitos normativos da escola, que trata os aspectos de
indisciplina como os autores para exclusão.
Tratando-se da inclusão que diz respeito a todos os grupos vulneráveis à exclusão,
Ainscow aborda os termos de inclusão e exclusão social de forma mais ampla,
referindo-se às minorias e grupos cujo acesso às escolas esteja sob ameaça por
motivo de mau comportamento.
No que tange a Inclusão como forma de promover a escola para todos, a inclusão
refere-se ao desenvolvimento da escola regular de ensino comum para todos,
denominado em alguns países “escola compreensiva”, a proposta era a criação de
um modelo único de educação que atendesse toda a comunidade diversificada. Em
linhas gerais, nos países em que a proposta foi implementada, o objetivo não
foi atingido, pois não houve uma forte reforma direcionada a aceitar e
valorizar a diferença e sim uma maior percepção daqueles estudantes percebidos
como diferentes.
A Inclusão
como Educação para Todos iniciou-se através do movimento Educação para
Todos (EPT) nos anos 90, ganhando força através das Conferências realizadas em
Jomtien, em 1990, e Dacar, em 2000.
Embora o movimento houvesse progredido e apontado possibilidades de um
sistema educacional inclusivo para todas as crianças, incluindo as com
deficiências, isso só aconteceria na Declaração de Salamanca.
Na Inclusão como uma abordagem de princípios à educação, Ainscow
revela que as cinco formas de pensar/abordar a inclusão traz diversas
possibilidades e que não há como estabelecer uma única forma ou método de
tratar a inclusão no contexto educacional e ressalta que a atenção ao tema
inclusão precisa estar voltada à forma como deve ser desenvolvida na escola não
somente no modo como se apresenta.
O desenvolvimento da inclusão vai além
da incorporação de valores morais, o autor destaca que necessário a busca do
significado desses valores e suas implicações na prática, para que haja o
reconhecimento, a valorização e a aceitação das pessoas.
Segundo o autor, uma escola inclusiva
é a que está em constante evolução, e não aquela que tenha atingido um estado
perfeito.
*Resenha elaborada por Eliana Amurim e Vanessa Cândido baseada no texto do Mel Ainscow.
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